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Brasil, julho de 2025 - A movimentação global de fusões e aquisições tende a se manter robusta neste ano, indica o Relatório Semestral de M&A da Bain & Company. Apesar dos obstáculos causados pelas tarifas, que impõem o terceiro grande choque em cinco anos à confiança dos executivos no ambiente de negócios, a consultoria avalia que executivos têm recorrido às lições aprendidas em crises anteriores e adotado estratégias ousadas de M&A.
A análise identificou uma nova onda de fusões e aquisições na qual as empresas se articulam para preparar seus negócios para o futuro por meio de maior escala, ampliação de capacidades e desinvestimentos estratégicos, mesmo com desafios como juros elevados, obstáculos regulatórios, disrupção causada pela inteligência artificial e, agora, tarifas.
Um dos principais indicadores da resiliência das atividades de M&A é o fato de que, embora o volume e o valor dos negócios tenham caído em abril, com o início da nova era tarifária, houve uma pronta recuperação no mês seguinte, sinal de que o impacto das tarifas pode ser mais moderado do que o de outros choques recentes. No geral, o mercado de M&A estratégico cresceu 11% nos últimos 12 meses, até maio. Embora isso possa ser reflexo, em parte, da conclusão de negócios iniciados anteriormente, é importante notar que executivos experientes estão se tornando mais estratégicos ao explorar as disrupções a seu favor.
“Em um cenário tão desafiador como o atual, é preciso convicção e clareza para traçar uma estratégia de longo prazo e buscar proativamente fusões e aquisições. É exatamente isso que os executivos experientes estão nos mostrando que sabem fazer. A partir de um roteiro claro de M&A, sustentado por uma visão de longo prazo, eles estão preparados para enxergar além da volatilidade de curto prazo e identificar oportunidades únicas para transformar seus negócios”, afirma Gustavo Camargo, sócio sênior da Bain.
O relatório aponta que as taxas de juros devem permanecer relativamente altas nos EUA, devido à persistência das pressões inflacionárias. Barreiras regulatórias também continuam elevadas em diversos mercados, com o governo dos EUA mantendo o escrutínio antitruste. O impacto das tarifas também tem variado significativamente entre setores, dependendo de fatores como dinâmicas da cadeia de suprimentos e mercados finais. Fusões e aquisições industriais foram mais afetadas, com queda de 15% no valor dos negócios, enquanto as transações no setor de tecnologia se recuperaram, impulsionadas por empresas de diversos segmentos buscando ativos ligados à IA.
Apesar desses desafios, a análise da Bain identifica quatro aprendizados principais de crises anteriores que os executivos mais experientes estão aplicando para traçar estratégias de M&A bem-sucedidas:
- Empresas que seguem investindo em fusões e aquisições superam as que ficam paradas;
- Companhias com visão de futuro entendem que desafios geram demanda por novas capacidades, criando racional estratégico para os negócios de escopo;
- Os líderes de mercado continuarão buscando consolidação, já que juros altos e pressão de custos favorecem ganhos de escala;
- As organizações mais eficazes vão reforçar sua vantagem competitiva ajustando portfólios e estratégias de M&A com base nos impactos das tarifas, revendo sua posição, prevendo mudanças nos mercados e promovendo desinvestimentos em ativos não essenciais.