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Brasil, outubro de 2024 - A Bain & Company realizou uma pesquisa global com quase 500 executivos de diversos países para identificar as características-chave na condução de programas de transformação bem-sucedidos. O recorte com uma análise específica do Brasil, com respostas de mais de 50 profissionais C-level, revela um cenário desafiador para as organizações brasileiras em suas jornadas de mudança e destaca particularidades do mercado local em relação ao contexto global.
Mais da metade dos entrevistados no país afirma ter conduzido três ou mais grandes esforços de transformação nos últimos cinco anos, uma média de 3,7 projetos nesse período. Apesar da frequência dessas iniciativas, apenas 8% das organizações brasileiras conseguiram atingir ou superar as metas estabelecidas para seus programas de mudança, enquanto 78% relataram ter aceitado uma diluição de valor, com resultados medianos, ao passo que 14% enfrentaram o fracasso na entrega, atingindo menos de 50% dos objetivos esperados.
Quando comparados os resultados no Brasil com a amostra geral, o desempenho das organizações locais fica abaixo da média global. Mas há um contraponto positivo: embora apenas 8% das organizações brasileiras atinjam ou superem suas metas de transformação, em comparação com 12% em escala global, as empresas no país demonstram uma notável capacidade de sustentar os resultados alcançados.
Enquanto a média global para manutenção de resultados de uma transformação é de 39%, a maioria das organizações brasileiras consegue manter completamente os ganhos alcançados, com 66% relatando sucesso nessa área. Entre as organizações que não conseguiram sustentar os resultados, 84% atribuíram essa falha a fatores internos, como resistência à mudança e falta de apoio de stakeholders.
A pesquisa revelou que o gerenciamento ativo de riscos está associado a um melhor desempenho, tanto no Brasil quanto globalmente. Em contrapartida, as organizações que não atingiram os resultados esperados enfrentaram dificuldades em capacidades críticas, como retenção de talentos, alinhamento da equipe de liderança, apoio eficaz dos gestores e governança ativa.
Um diferencial de sucesso destacado pelos líderes brasileiros foi a importância atribuída à "intenção convincente" na gestão dos riscos. O levantamento apontou que a criação de uma narrativa clara e emocionalmente envolvente foi fundamental para engajar as equipes nas iniciativas de mudança, algo que não é evidente na amostra global. Os executivos brasileiros também se destacam pela adoção de uma abordagem disciplinada, com incentivo às equipes para pensarem de forma mais ampla, testar, escalar e entregar mais valor.
A Bain ainda destaca que as empresas com maiores taxas de sucesso nas transformações contavam com executivos de alto desempenho, com uma compreensão clara das necessidades dos projetos, capazes de alocar recursos adequados para funções críticas e tomar decisões baseadas em dados. No entanto, todas as companhias relataram dificuldades em passar funções para a próxima geração de talentos, na tentativa de não sobrecarregar seus líderes principais.
De forma geral, a pesquisa revela que, apesar das frequentes iniciativas de transformação, as organizações brasileiras ainda enfrentam desafios para atingir seus objetivos. No entanto, a capacidade de sustentar resultados é o verdadeiro diferencial das companhias no país. Isso demonstra que uma abordagem estratégica, com processos de transformação focados em objetivos específicos e engajamento das equipes têm mais chances de sucesso e são essenciais para o fortalecimento das empresas brasileiras no mercado global.
Para ampliar o sucesso das ações, a Bain apresenta seis regras valiosas para a implementação de mudanças:
- A transformação é um processo contínuo – e a maioria das organizações está (ou deveria se manter) em constante transformação para acompanhar as evoluções do mercado;
- Incorpore a transformação ao ritmo operacional – trabalhar ao mesmo tempo nas iniciativas regulares e na gestão de mudanças deve ser parte do dia a dia da empresa;
- Gerencie a energia organizacional e escolha seu foco – quando se tenta mudar mais de duas rotinas principais simultaneamente, as chances de fracasso aumentam muito;
- Use aspirações, não apenas metas – contar com benchmarks pode limitar os resultados aos que os outros já conquistaram. É um bom ponto de partida, mas pense além!
- Envolva toda a organização – transformações bem-sucedidas alavancam a inteligência coletiva de todos os colaboradores e não se resumem às ideias da alta direção;
- Busque capital externo – transformar um negócio costuma ser caro e tentar financiar essa mudança apenas com medidas de redução de custos geralmente é insuficiente.
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