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Brasil, junho de 2025 - Os líderes das empresas responsáveis pela transição energética estão menos otimistas quanto à meta de atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050. Segundo a nova pesquisa global de Energia e Recursos Naturais da Bain, 44% dos executivos das principais companhias de energia e recursos naturais acreditam que o mundo só alcançará emissões líquidas zero em 2070 ou mais tarde, e somente 32% esperam que isso aconteça até 2050.
Os dados revelam uma inversão em relação à pesquisa de 2024, na qual 31% tinham a expectativa de maior tempo para o fim das emissões de CO2, ao passo que entre 40% e 50% previam a neutralidade de carbono até 2050. Em média, os executivos do setor de petróleo e gás preveem o pico do consumo de petróleo por volta de 2038, o que indica que ativos tradicionais seguem cruciais para atender à demanda energética no futuro próximo.
Para Rodrigo Más, sócio da Bain e líder das práticas de Industrials e Utilities na América do Sul, o levantamento reforça a percepção de que os líderes do setor estão equilibrando investimentos na transição energética com outras prioridades empresariais. “A transição energética representa um desafio duplo: atender à crescente demanda por energia enquanto se avança na redução de emissões. A descarbonização continua sendo um objetivo para os executivos, mas, diante dos desafios associados para o seu cumprimento, as empresas estão ajustando as prioridades e prazos de descarbonização para equilibrar com outros objetivos estratégicos e financeiros”, explica o especialista.
Com orçamentos mais restritos, balanços financeiros pressionados e custos de capital em ascensão, as companhias têm ampliado a cautela ao tomar decisões onde investir em projetos de transição energética e descarbonização. Entre as barreiras citadas por mais de 700 executivos dos setores de petróleo e gás, energia elétrica, químicos, mineração e agronegócio ouvidos pela Bain, o principal desafio para expandir seus negócios voltados à transição energética é a dificuldade em encontrar clientes dispostos a pagar preços mais altos por produtos e soluções sustentáveis.
Outros obstáculos mencionados são a falta de políticas e regulamentações governamentais estáveis e incentivadoras, bem como limitações de capital e caixa. Além disso, mais de 75% dos executivos afirmam que os custos de seus projetos aumentaram pelo menos 5% nos últimos 12 meses, e um em cada dez enfrentou aumentos superiores a 20%.
Por outro lado, quase metade dos entrevistados pretende adotar tecnologias digitais, incluindo inteligência artificial (IA), para melhorar a execução dos projetos, bem como nos seus processos operacionais e financeiros. O entusiasmo com a IA e outras ferramentas digitais está crescendo, com 72% dos executivos afirmando que veem um caso de uso positivo para essas tecnologias nos próximos 5 a 10 anos. A maioria planeja aprimorar suas operações por meio de tecnologia e mais de 60% preveem que a próxima grande atualização de seus sistemas ERP ocorrerá nos próximos três anos.
Finalmente, os executivos das empresas de energia estão cautelosamente confiantes quanto ao suprimento de energia adicional demandada por IA e data centers, e 43% dos pesquisados reforçam que deverá ser um desafio importante. De fato, a Bain estima que o consumo anual de energia dos data centers no mundo pode mais do que dobrar até 2027, representando 2,6% do consumo global de eletricidade e exigindo mais de US$ 2 trilhões em investimentos.
Para atender à crescente demanda de IA e data centers, as principais estratégias das empresas de energia incluem investir mais em geração de energia por meio de fontes renováveis, prolongar a vida útil de ativos existentes e adicionar mais capacidade de energia térmica a gás natural. Na América do Norte, 34% dos executivos também acreditam que investimentos em geração de energia nuclear serão priorizados.