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Brasil, agosto de 2025 - Após uma década de desenvolvimento acelerado, o mercado global de luxo cresceu apenas 3% ao ano, desde 2022. No Brasil, por outro lado, o setor apresenta uma trajetória bem particular, com crescimento de 12% ao ano, no mesmo período. O dado faz parte da mais recente pesquisa da Bain & Company sobre o mercado brasileiro de luxo, realizada em parceria com o jornal Valor Econômico e a revista Vogue.
O levantamento indica que o setor movimentou R$ 98 bilhões em 2024 e a projeção da consultoria é de que atinja R$ 150 bilhões até 2030. Entre os nove segmentos observados, destacam-se, com crescimento acima da média, os setores de automóveis (+18%), hotéis & experiências (+16%), saúde & bem-estar (+15%) e imóveis (+13%). Outro aspecto relevante identificado pela Bain é a expansão do consumo fora do eixo Rio-São Paulo, com ampliação do mercado nas regiões centro-oeste, sul e nordeste, que ganham relevância, especialmente nos segmentos de imóveis, saúde e hotelaria.
A consultoria também analisou em profundidade o consumidor de luxo no Brasil, para traçar um perfil detalhado desse público, suas percepções sobre o que é o luxo e a evolução da jornada de consumo no setor. A percepção do luxo extrapola os produtos em si, refletindo atitudes contextuais que variam conforme o momento de vida, a natureza da compra e o modo como cada pessoa deseja se expressar. O estudo revela que 57% dos entrevistados associam luxo à exclusividade, enquanto status também aparece como correlação frequente. Além disso, cresce a ideia da “validação silenciosa”, na qual o consumidor é reconhecido como parte do universo do luxo sem necessidade de exposição de marcas. Nesse contexto, o luxo assume um papel de viabilizador de experiências e estilos de vida, funcionando como meio para viver momentos de união, conforto e histórias que reforçam valores e aspirações pessoais.
A tecnologia assume papel central na integração entre canais físicos e digitais na jornada de compra, configurando um modelo híbrido que potencializa a experiência do consumidor. As lojas físicas, redesenhadas em formatos maiores, passam a desempenhar função de encantamento e fortalecimento de marca, enquanto canais digitais são utilizados para estabelecer um relacionamento contínuo e de proximidade. A inteligência artificial, por sua vez, atua como elemento estruturante desse ecossistema, tanto no empoderamento do vendedor – com dados e insights para interações mais precisas – quanto no suporte a um atendimento 24/7, garantindo consistência e agilidade. Além disso, a aplicação da IA viabiliza ganhos de eficiência na produção, amplia a assertividade das interações por meio de hiperpersonalização e assegura uma comunicação autêntica e coerente em todos os pontos de contato, consolidando a fidelização do cliente.
O grande desafio para as marcas de luxo reside em aspectos estratégicos, como garantir que a IA respeite os seus guidelines de marca. As empresas precisam criar guardrails e ensinar a IA a se comportar de forma consistente com a sua identidade, pois o sucesso da estratégia no luxo depende não só de dados, mas da capacidade de manter uma comunicação autêntica e relevante em um novo ambiente.
O estudo evidencia que o mercado de luxo no Brasil tem potencial de expansão relevante mas, para capturar essa demanda, será necessária clareza estratégica e disciplina na execução. Para avançar, as marcas devem equilibrar em seus portfólios as diferentes necessidades e motivações de consumo, ao mesmo tempo em que definem com precisão o caminho que desejam seguir no setor.