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Lentidão de mudanças incomoda executivos das empresas

Lentidão de mudanças incomoda executivos das empresas

Papel das corporações é importante para manter o equilíbrio entre garantir o futuro das próximas gerações e proteger o bem-estar das atuais

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Lentidão de mudanças incomoda executivos das empresas
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Artigo original publicado no Valor Econômico

Brasil, abril de 2024 - Os eventos climáticos dos últimos anos são prova de que a população global terá de se adaptar a novas realidades ambientais. Para isso, a transição energética é uma das principais alavancas para reduzir o impacto das ações humanas, e o papel das corporações é particularmente importante nesse esforço. Não só pelo investimento a ser feito, mas principalmente para manter o equilíbrio entre garantir o futuro para as próximas gerações e proteger o bem-estar das atuais. Para atingir o “net zero” até 2050, a Agência Internacional de Energia (IEA) estima investimento de US$ 4,6 trilhões por ano até 2030 por parte das companhias.

O avanço na descarbonização acontece de forma distinta em cada região. A Europa segue uma política ambiental ambiciosa, sem deixar de questionar sua competitividade em relação a outras economias. O Brasil, com sua matriz energética que é uma das mais limpas do mundo, está posicionado à frente da maioria dos países. Segundo a IEA, as emissões brasileiras associadas à energia são de 2 toneladas de CO2 per capita e de 35 tCO2 /TJ de energia consumida, bem abaixo da média global de, respectivamente, 4,3 tCO2 per capita e 54 tCO2 /TJ. O país tem ainda um enorme potencial como supridor global de energias limpas, como biocombustíveis, geração elétrica renovável e hidrogênio.

Uma das principais dificuldades para a transição energética é buscar soluções para que todos os países possam crescer a partir de fontes confiáveis, sustentáveis e com custo competitivo. Em nossa experiência, testemunhamos a preocupação das empresas diante da complexidade do desafio. Levantamento recente da Bain mostra que mais de 80% dos executivos brasileiros reconhecem os avanços de suas organizações em ESG, mas estão insatisfeitos com sua velocidade de transformação.

Para mudar essa situação, é necessária uma mistura de visão e pragmatismo. Identificamos três perguntas que podem ajudar as organizações a determinar seu propósito e lidar com barreiras:

1) Que bem trazemos ao mundo e qual nosso propósito como empresa? É importante ancorar planos de longo prazo no impacto único sobre consumidores, colaboradores e comunidades. O debate sobre iniciativas de sustentabilidade deve abordar o orgulho de trazer resultados e gerar impacto na sociedade.

2) Que custo a humanidade terá de pagar para crescermos? É cada vez maior a mensuração das externalidades - custos não precificados das atividades comerciais - e é bem provável que sejam precificadas no futuro. Precisamos entender quais são esses custos e como mitigá-los ou compensá-los.

3) Onde vamos enfrentar mais risco e escassez? Devemos identificar os impactos que as mudanças climáticas podem trazer ao negócio, como materiais e capacidades que talvez se tornem escassos, desde água até cobalto, de enfermeiros a programadores, de navios a energia acessível.

Uma das opções das empresas para ajustar seu negócio às mudanças climáticas é redescobrir como aplicar novas tecnologias a seu favor. Indivíduos, organizações e sociedade devem combinar inovações, políticas e mudanças de comportamentos para lidar com as consequências negativas que têm interferido no meio ambiente. As empresas têm a oportunidade de se adequar às novas realidades e ampliar seu valor, mas essas ações também podem permitir progressos reais e moldar um futuro mais sustentável para todos.

António Farinha e Diego Garcia são sócios da Bain & Company e líderes de utilities e renováveis na América do Sul e de oil & gas, respectivamente. 

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