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Há potencial para aportes em defensivos no país, diz estudo

Há potencial para aportes em defensivos no país, diz estudo

  • agosto 13, 2014
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Há potencial para aportes em defensivos no país, diz estudo

A um mês de concluir um grande estudo sobre as áreas potenciais de desenvolvimento do setor químico no Brasil, o consórcio formado pelas empresas Bain & Company e Gas Energy adiantou ao Valor que estima um potencial de investimentos de até US$ 19 bilhões em defensivos agrícolas até 2030. O estudo foi encomendado pelo BNDES e está sendo discutido em âmbito do plano Brasil Maior, do governo federal.

Do total, cerca de US$ 13 bilhões poderiam ser aplicados na construção de oito a 13 novas fábricas para a produção de princípios ativos e outros US$ 6 bilhões serviriam para a ampliação da oferta de produtos formulados. Com esse reforço de peso, o país poderia se transformar até em exportador de agrotóxicos. Atualmente, 56% da demanda doméstica é coberta por importações.

Assim, o impacto na balança comercial poderia chegar a US$ 23 bilhões até 2030. O Brasil representa 20% do mercado global de defensivos e importa cerca de US$ 5,4 bilhões por ano. Após análise, o consócio identificou oportunidades de fortalecer e expandir o elo produtivo de formulação, reconstruir o elo produtivo de síntese e investir em produtos genéricos e patenteados, conforme Rodrigo Más, sócio da Bain responsável pelo estudo.

Também há oportunidades de investimentos na área de óleos químicos, que incluem um polo oleoquímico à base de cana, soja e sebo na região Sudeste e unidades de produção no Pará à base de palma e palmiste. Nessa frente, os aportes potenciais vão de US$ 600 milhões a US$ 1,2 bilhão, contando uma refinaria no Estado do Norte. Até 2030, o impacto de uma expansão como essa na balança comercial brasileira poderia chegar a US$ 1,7 bilhão.

De 2008 para cá, as importações nacionais de óleos químicos têm aumentado cerca de 7% ao ano. Tais produtos são básicos nos segmentos de limpeza, cosméticos e exploração e produção de óleo e gás.

Conforme o consórcio, também há oportunidades de investimentos de US$ 2,1 bilhões em derivados de celulose, sempre até 2030, destinados sobretudo para a construção de uma cadeia de acetato competitiva para a exportação. O valor também engloba a produção de éteres de celulose destinados ao mercado interno e o desenvolvimento da cadeia de fibras de viscose. O impacto na balança poderia ser de US$ 1,5 bilhão.

Outra cadeia promissora é a de cosméticos. O país tem o terceiro maior mercado do mundo nessa área, equivalente a 10% do consumo global, e cresce, desde 2008, a um ritmo médio de 12,4% ao ano. A produção local atende a quase toda a demanda doméstica – apenas 2% dela é atendida por importações -, mas há potencial de exportação, principalmente para a América Latina.

Segundo o consórcio, há oportunidades de investimentos na produção de desodorante aerossol e no desenvolvimento de produtos inovadores que aproveitem a biodiversidade local. O potencial de aportes chega a US$ 1,3 bilhão. O impacto na balança pode atingir US$ 1,5 bilhão.

Como a indústria química é globalizada e as grandes empresas normalmente podem escolher onde vão investir, a última parte do estudo definirá quais os estímulos necessários para atrair novos projetos.

Até agora, segundo Rodrigo Más, a receptividade do estudo tem sido boa tanto por parte do governo quanto das empresas. Estão sendo elaboradas medidas de longo prazo que tragam sustentabilidade ao setor químico. "O que existe, muitas vezes, são ações de caráter provisório, como a isenção de PIS/Cofins para a matéria-prima petroquímica. Até ajuda na redução de custo, mas [a isenção] tem prazo de validade".

Para o segmento de defensivos, a ajuda deve ir além dos incentivos fiscais. “Tem uma série de produtos na pauta de aprovação do governo para serem vendidos no país, e o processo de aprovação, se é moroso, afeta a decisão do investidor”, disse Más. E as medidas também devem exigir contrapartida do empresário.