
Brasil, junho de 2026 - O sucesso das empresas em um ambiente altamente competitivo depende de estratégias bem definidas e alinhadas com a volatilidade do mercado. A atualização constante é, portanto, um dos principais motores para o crescimento contínuo. Ainda assim, por que será que 9 em cada 10 das maiores empresas do mundo não conseguem manter seu auge por mais de dez anos? A resposta está na estratégia.
Em um mercado desafiador e em constante transformação, muitas empresas enfrentam dificuldades para manter o ritmo. Na Bain, identificamos um conjunto de cinco pilares fundamentais que sustentam as abordagens estratégicas mais eficazes. Quando aplicadas de maneira consistente, essas diretrizes garantem crescimento sustentável e uma posição competitiva sólida no mercado. Conheça quais são elas:
1. Posicione-se com clareza - Cada mercado tem suas particularidades, com regras e dinâmicas próprias. No entanto, há um princípio que se mantém constante no mundo corporativo: a clareza sobre qual é, de fato, o negócio da empresa. É comum que organizações tentem se reposicionar em mercados mais inovadores, muitas pecam ao deixar de avaliar onde realmente contam com vantagem estratégica. Criar valor real significa gerar impacto relevante na vida do cliente ou resolver um problema de maneira eficaz. Mais do que buscar resultados imediatos, é essencial direcionar os esforços para entregar valor genuíno, com foco contínuo em inovação e diferenciação.
2. Liderar é vantagem, manter-se líder é o desafio - Uma análise da Bain com 320 empresas em 45 países revela que, em mercados bem definidos, uma ou duas companhias detêm 80% do lucro excedente; e quem está na liderança conta com 60% desse valor. Isso mostra que estar na posição de destaque permite reinvestir os lucros para manter e expandir a liderança, além de contar com mais recursos para mudar as regras a seu favor. Mas cuidado: quanto maior a participação de mercado, maior a probabilidade de a empresa não atingir todo o seu potencial – é o que chamamos de armadilha do "desempenho satisfatório".
3. Lucro em movimento exige estratégia em ação - Uma estratégia eficaz exige alto grau de precisão. É fundamental mapear as fontes de lucro — ou seja, identificar onde, ao longo da cadeia de valor, são gerados os maiores retornos — e projetar cenários que ajudem a antecipar movimentos do mercado. Em contextos de incerteza, a flexibilidade torna-se um diferencial competitivo. Por isso, é recomendável construir um portfólio de iniciativas que combine ações mais seguras com alternativas mais ousadas. A estratégia, por sua vez, deve ser clara o bastante para orientar a execução e, ao mesmo tempo, adaptável o suficiente para responder a mudanças e novos desafios.
4. O cliente no centro da estratégia - Manter o cliente no centro da estratégia significa compreender quem são, suas preferências, o que compram e por que escolhem a sua empresa. A segmentação de perfis de consumo, aliada à análise de rentabilidade, permite identificar quais grupos de clientes contribuem mais para os resultados e, assim, direcionar os esforços para os segmentos de maior valor. Manter esse foco, no entanto, exige consistência. Por isso, as empresas mais bem-sucedidas investem em cultura organizacional, processos e tecnologias que possibilitam um relacionamento próximo com o cliente, mesmo em larga escala. O objetivo não é monopolizar a preferência do consumidor, mas construir uma relação de confiança que promova fidelidade, aumente a frequência de compra e estimule indicações espontâneas.
5. Planejar é importante. Executar, essencial - Após anos de experiência em consultoria, é possível afirmar com segurança: não existe uma boa estratégia mal executada. Uma estratégia só é verdadeiramente eficaz quando é bem implementada. É necessário desenvolver ideias sólidas e com inteligência e garantir que sejam rapidamente testadas e implementadas no mercado, com planos que possam ser ajustados conforme necessário, sempre com foco em resultados tangíveis e mensuráveis. Um estudo realizado pela Bain com 426 empresas mostrou que apenas 12% atingiram ou superaram suas metas, 68% obtiveram resultados abaixo do ideal e 20% falharam em entregar metade do esperado. Portanto, o desenvolvimento e a implementação de estratégias só funcionam se os desafios práticos de execução são considerados.
O processo de adoção dessas cinco diretrizes não é simples, mas é indispensável. Empresas que implementam essas práticas com consistência e visão no longo prazo estão mais preparadas para enfrentar os desafios do futuro e liderar em seus respectivos setores. O sucesso estratégico não depende apenas de um bom plano, mas da adaptabilidade, aprendizado e inovação constantes e foco na entrega de valor real para os clientes.
*Stefano Bridelli é sócio fundador e Chairman da Bain para América do Sul.