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Indústrias buscam alternativa ao preço alto da energia

Indústrias buscam alternativa ao preço alto da energia

  • dezembro 17, 2014
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Indústrias buscam alternativa ao preço alto da energia

O preço alto do gás natural é barreira para a sustentabilidade econômica da indústria química brasileira, a sexta maior do mundo. Isso ocorre em um momento em que a indústria dos Estados Unidos se destaca pelo baixo preço do gás de xisto, o que atrai investimentos produtivos. As indústrias reclamam que a baixa competitividade no setor de gás e a tributação elevam o preço do gás para entre US$ 13 a US$ 14 o milhão do BTU, enquanto nos EUA o gás de xisto chega aos consumidores entre US$ 2 a US$ 3 por milhão de BTU.

"O Brasil tem vocação natural para a indústria química. Em 2022, deverá ser o quarto maior produtor de petróleo do mundo e até 2030 pode triplicar a produção de gás natural. Além disso, está na liderança em química renovável com o etanol, mas esse futuro promissor depende do custo de produção e de uma política industrial ativa", destaca o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo.

A presença dos importados químicos está em cerca de um terço do consumo nacional. Há 20 anos, esse índice não superava 15%, o que mostra a perda de terreno dos bens nacionais. A queda de participação nacional no mercado coincide com a alta de custos, principalmente da matéria-prima e do gás natural. Um dos maiores gargalos existentes hoje para o setor está no preço da energia, que respresenta mais de 20% dos custos. Um cenário que poderá mudar. Associado ao óleo do pré-sal, existe gás. Estimativas apontam que, com ele, pode haver um acréscimo entre 40 milhões de metros cúbicos diários a 150 milhões de metros cúbicos diários na oferta do insumo no Brasil, segundo cálculos de diversas consultorias.

"A estimativa é que haverá gás para setor elétrico e industrial quando essa oferta maior chegar ao mercado", diz José de Sá, sócio da Bain & Co. Ter oferta firme do insumo a preços competitivos passa a ser essencial na equação de competitividade do setor químico. "No curto prazo, não se vislumbra grande alteração, mas, com o gás não convencional e aumento da exploração do pré-sal, o insumo estará disponível, mas o preço ainda é uma barreira", diz o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa.

No caso do gás, será essencial trazer a Petrobras para a discussão do preço do gás. Além de maior produtora de óleo e de gás do Brasil, maior beneficiária do aumento de produção estimado com a exploração gradual do pré-sal, a estatal de capital aberto possui o maior parque de refino do país e ainda detém presença relevante na petroquímica nacional, sendo uma das maiores acionistas da Braskem, maior produtora de resinas plásticas da América Latina e cujo maior acionista é a Odebrecht. Ainda participa de todos os elos da cadeia, da exploração à comercialização de gás.

O preço que o gás do pré-sal terá é uma incógnita, mas o governo poderia usar políticas para barateá-lo. Para Ieda Gomes, diretora da Energix Strategy e uma das maiores especialistas do setor de gás no Brasil, o cenário do insumo ainda traz muitas incertezas. "Qual será o acréscimo de fato da produção? Como será o custo, já que os poços estão a 300 quilômetros da costa e tem muito gás carbônico associado à produção, o que exige sua retirada, que é cara?", pergunta Ieda.

Outra incerteza é a Bolívia. Hoje o Gasbol envia de cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários. O contrato entre Brasil e o país vizinho expira em 2019, mas há dúvidas sobre o preço que o insumo terá depois da renovação dos termos e se os bolivianos terão capacidade de honrar o contrato, já que desde 2005, com a nacionalização das reservas e a fuga de empresas estrangeiras, a produção estaria estagnada e com dificuldades de ser resposta. "Será que terá condições de cumprir o contrato no médio e longo prazo? Há analistas que questionam essa possibilidade."

O alto preço da energia e do gás natural tem feito grandes consumidores adotarem estratégias para ganhar competitividade, incluindo investimentos em fontes renováveis e eficiência energética. Em 2008, quando analisava opções de geração de energia, a Dow estimou que o preço do gás natural no Brasil dificilmente cairia, enquanto o gás de xisto provocava uma revolução nos EUA, com o milhão de BTU chegando a custar US$ 5. Na Europa, o gás chegava a US$ 9, enquanto no Brasil superava US$ 13. Era preciso ser mais competitivo. A empresa passou a estudar um inovador projeto de cogeração de energia a partir de biomassa em sua unidade na Bahia.

No fim de março, deu-se a partida para o projeto. Em parceria com a ERB (Energias Renováveis do Brasil), a Dow iniciou uma planta de cogeração de vapor e energia gerados a partir de biomassa de eucalipto, um projeto com investimentos de R$ 265 milhões. A planta de cogeração de vapor e energia da ERB fornecerá 25% do consumido pela Dow em Aratu (BA), substituindo 150 mil m3 diários de gás natural e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em 33%.