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Grandes fundos voltam a captar

Grandes fundos voltam a captar

  • abril 14, 2014
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Grandes fundos voltam a captar

Está reaberta a temporada de captação de fundos de "private equity", que compram participações em empresas. As principais gestoras que atuam no pais retomaram os contatos com investidores para levantar novos fundos que, somados, podem atingir até US$ 10 bilhões.

Entre as grandes firmas de private equity que iniciaram recentemente a captação de novos fundos está o Pátria Investimentos, que espera levantar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. A americana Advent International também deu início a um novo fundo, o sexto dedicado a investimentos na América Latina, que tem como meta levantar por volta de US$ 2 bilhões, conforme apurou o Valor.

A Gávea Investimentos, que iniciou a captação do novo fundo no ano passado, é uma das mais adiantadas nesse processo, segundo fontes de mercado. A gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Eraga captou em 2011 o maior fundo destinado a investimentos no pais, de US$ 1,9 bilhão. A indicação inicial da gestora era obter por volta de US$ 1,5 bilhão no novo fundo.

O BTG Pactuai também está no mercado desde o ano passado, em busca de até US$ 1,5 bilhão. A americana Carlyle, que tem um fundo para investimentos na América do Sul captado no exterior, está próxima de obter mais R$ 1 bilhão (US$ 450 milhões) com investidores locais, incluindo grandes fundos de pensão.

Uma das novidades da atual leva de private equity são os fundos dedicados a investimentos em infraestrutura. No ano passado, o BTG captou US$ 1,850 bilhão para aplicar na área. A P2 Brasil, associação entre Pátria e Grupo Promon, está em conversas para levantar seu segundo fundo no setor, também na casa do bilhão de dólares.

A GP Investimentos, que contratou uma equipe dedicada a investimentos em infraestrutura, pretende captar um fundo de até US$ 1 bilhão, segundo fontes de mercado. Procuradas, as gestoras não comentaram o assunto.

O cenário atual é diferente do vivido pelos grandes gestores de private equity em 2010e2011, quando as captações somaram mais de US$ 12 bilhões. O principal desafio será vencer a maior resistência dos investidores. Enquanto as gestoras, de um modo geral, querem levantar fundos maiores, os investidores preferem portfólios com valores semelhantes aos atuais.

Além da piora macroeconômica, os fundos sentiram os efeitos da desvalorização cambial. Como a maior parte da captação de recursos das gestoras vem do exterior, os investimentos realizados quando o dólar estava abaixo de R$ 2 precisam apresentar retornos maiores para compensar a alta da moeda americana.

Se o câmbio jogou contra nos últimos anos, agora pode servir de trunfo para os fundos. O real desvalorizado torna as empresas mais atrativas para os fundos que captam recursos fora do pais. "O cenário para captação está mais difícil, mas as gestoras que possuem bom histórico de retorno não devem ter dificuldades para levantar novos fundos", diz André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company.

O preço considerado alto pelos ativos brasileiros nos últimos anos desviou o foco dos investidores para países como Chile, Colômbia e Peru. Mas o mercado nacional deve se manter como o principal destino dos recursos direcionados a private equity na região, segundo Clovis Meurer, presidente da Abvcap, associação que representa o setor. "Temos uma economia muito maior, que proporciona mais oportunidades de negócio", afirma.

Enquanto partem para captações de novos fundos, as gestoras seguem de olho em investimentos para os portfólios atuais, que ainda contam com recursos para aplicar. Gestoras como a Advent, que em 2011 declarou que o Brasil estava "caro", agora apontam uma melhora nas condições.

Nos últimos anos, os fundos dedicados a aquisições de empresas brasileiras ganharam a companhia de gestoras globais, que acirraram a disputa pelos ativos. A americana KKR, que possui escritório no Brasil desde o início do ano passado, acaba de fazer o primeiro negócio local, com a compra da Aceco TI, que atua na construção e manutenção de data centers.

Outras gigantes do setor que levantaram fundos globais recentemente também estão no país em busca de novos negócios. Existem ainda casos como o da Bain Capital, que mesmo sem ter presença local já fechou duas aquisições, da operadora de plano de saúde Intermédica e da empresa de call center Atento.

Apesar da maior concorrência, a avaliação é que a disputa pelos ativos brasileiros ainda é pequena em relação a outros mercados. "Cada fundo segue uma estratégia. Um bom negócio para mim pode não ser para outro fundo, e vice-versa", diz o executivo de uma firma de private equity, que pediu para não ser identificado. A bolsa, apontada como outro potencial concorrente para os fundos, pelo menos por ora não é uma ameaça. Com o momento ruim de mercado e o calendário mais apertado em razão da Copa e das eleições, a expectativa é que o ano seja mais fraco para as ofertas de ações (IPO, na sigla em inglês). A bolsa ruim, por outro lado, fecha uma porta de saída para a venda das participações dos fundos.

Britânica 3i deixa o país e executivos criam gestora
Os executivos que estavam à frente do escritório local da firma britânica de private equity 3i Group criaram uma nova gestora e fecharam um acordo para assumir o portfólio da empresa, que decidiu deixar o pais.

Batizada de Atlântico Sul Capital Partners, a gestora terá o executivo Marcelo di Lorenzo, até então responsável pelo escritório da 3i no pais, como sóciodiretor. Procurada, a empresa não comentou o assunto.

Com um total de US$ 21,5 bilhões sob gestão, a 3i deixa o Brasil apenas três anos após a criação de um escritório local, com a contratação da equipe que cuidava dos investimentos em private equity do Standard Bank. Na ocasião, houve um acordo semelhante e a gestora assumiu a gestão da Casa do Pão de Queijo, único investimento do banco no país e que teve posteriormente a participação recomprada pela família fundadora.

Com foco na aquisição de participações em empresas de médio porte, a 3i fechou no fim de 20 f f um investimento de R$ Í00 milhões na provedora de serviços de TV a cabo e banda larga Blue Interactive. No ano passado, a gestora anunciou a compra do controle da Óticas Carol, em um negócio de R$ 108 milhões.

Em entrevista ao Valor em maio passado, durante visita ao país, o presidente mundial da 3i, Simon Borrows, afirmou que permanecia otimista com as perspectivas para a economia brasileira. A gestora chegou a iniciar o processo de captação de um fundo da ordem de US$ 500 milhões dedicado ao país, segundo fontes de mercado. No início do ano, porém, a firma mudou os planos radicalmente e anunciou que não faria nenhum novo investimento no Brasil.

Com o acordo, os executivos da Atlântico Sul assumem a gestão das participações da 3i nas duas empresas. Com estrutura independente, tentarão manter os planos de investimento, de olho em aportes entre US$ 15 milhões e US$ 75 milhões por companhia. Enquanto não captam um fundo próprio, devem se valer de recursos de coinvestidores. O anúncio da saída da 3i é apontado no mercado de private equity mais como um movimento isolado do que algo relacionado ao atual ciclo econômico do país. A gestora vem implementando desde o ano passado uma ampla reestruturação no exterior, que culminou na saída ou substituição de vários profissionais. Além do Brasil, a 3i fechou escritórios na Ásia e decidiu ampliar os esforços na ãrea de infraestrutura na Europa.