Press release
12 de janeiro de 2023 - Uma análise global da Bain & Company apontou que apenas um dos 27 maiores varejistas de alimentos e roupas do mundo nos EUA, Europa e Ásia-Pacífico tem abordagens líderes globais para questões de sustentabilidade e ESG, e nenhum se destaca como verdadeiramente distinto. A avaliação da Bain levou em consideração seis temas prioritários da agenda ESG: emissões de gases de efeito estufa; desperdício e circularidade; abastecimento sustentável; diversidade, equidade e inclusão; direitos humanos e condições de trabalho; e saúde e bem-estar (apenas para supermercados).
Segundo o relatório da Bain, a inflação global mais alta está ampliando os desafios que os varejistas enfrentam para atender às expectativas de sustentabilidade dos consumidores, investidores, governos e reguladores e outras partes interessadas.
O aumento dos preços e consequentemente do custo de vida estão reforçando a resistência pré-existente dos consumidores em pagar mais por produtos sustentáveis, enquanto testam os limites das já estreitas margens do varejo. A inflação, portanto, expõe uma lacuna entre as opiniões e as ações dos clientes sobre sustentabilidade.
Para os varejistas, uma parte fundamental da solução está em aproveitar o crescente interesse do consumidor em produtos mais sustentáveis, recomenda a análise da Bain. Em todo o mundo, mais de 70% dos clientes dizem que estão dispostos a pagar um prêmio por produtos com impacto ambiental positivo ou benefícios à saúde. Os compradores da Ásia-Pacífico lideram o movimento, com 90% dos compradores expressando vontade de pagar mais, seguidos pelos consumidores europeus com 74% e, finalmente, pelos clientes americanos com 71%. Mas a maioria dos compradores atualmente não está mudando seus comportamentos de compra na prática. E com o aumento do custo de vida, os consumidores estão ainda mais relutantes em pagar mais por opções sustentáveis em mantimentos e roupas.
“É claro que a inflação está tornando as pessoas mais sensíveis ao preço – mas, ao mesmo tempo, também os está incentivando a revisitar hábitos de consumo profundamente arraigados”, avalia Luciana Batista, sócia da Bain. “Isso oferece uma rara oportunidade para os varejistas interromperem o status quo e incentivarem modelos circulares, encorajando os consumidores a devolver produtos ou reutilizar embalagens para obter um desconto no futuro. Combinada com uma maior escolha e uma comunicação clara no ponto de venda, a inflação pode ser um catalisador para um comportamento mais sustentável”, opina.
Varejistas ainda têm espaço para ação prioritária na agenda de sustentabilidade
O aumento dos custos em meio a uma inflação mais alta também está exacerbando as lacunas de financiamento que os varejistas enfrentam ao investir em sustentabilidade. Com 95% das emissões de carbono dos varejistas localizadas acima ou abaixo da cadeia de suprimentos, sistemas sustentáveis mais caros do que os existentes e margens estreitas são uma barreira ao progresso. O estudo da Bain observa que passar dos compromissos de sustentabilidade para a ação impõe aos varejistas um desafio.
Mas o relatório conclui que ainda há amplo espaço para grupos de varejo agirem priorizando rigorosamente suas metas de sustentabilidade mais importantes e focando em 'hot spots' dentro deles para desenvolver uma estratégia de sustentabilidade e manual que equilibre ambição e capacidade de execução.
De acordo com a Bain, os varejistas que buscam reivindicar a liderança em sustentabilidade devem aprofundar sua colaboração com seus fornecedores e inovadores em toda a cadeia de suprimentos para ajudar a distribuir os custos da descarbonização, testar novas ideias e compartilhar os benefícios resultantes.
“Um ambiente de alto risco pode reduzir o investimento em sustentabilidade no curto prazo, mas há muito que os varejistas podem fazer para descarbonizar sem fazer investimentos financeiros significativos. Medidas de economia de energia e resíduos podem ajudar a reduzir custos e exposição a riscos no curto prazo, ao mesmo tempo em que são desenvolvidos compromissos mais abrangentes”, acrescenta Luciana.
Apesar dos desafios, a pesquisa mostra que as marcas de varejo não podem interromper seus esforços de sustentabilidade durante o aperto inflacionário. As descobertas preveem que 40% dos consumidores americanos planejam gastar mais em marcas sustentáveis nos próximos três anos. Na Europa, os Millennials já respondem por metade dos gastos no varejo com marcas insurgentes sustentáveis. O setor de varejo deve desenvolver sua oferta sustentável para essa base de clientes para garantir a longevidade.
As melhorias de sustentabilidade também protegerão os varejistas contra a volatilidade. Por exemplo, a disponibilidade de materiais com baixa energia incorporada será menos vulnerável ao aumento do custo da eletricidade. Marcas com credenciais de sustentabilidade mais altas também são mais resilientes ao aperto regulatório impulsionado pela descarbonização. Os varejistas sabem que muitas cadeias de suprimentos precisam ser reinventadas de qualquer maneira – por razões de resiliência e custo, bem como para torná-las mais sustentáveis.
“Este é um momento chave para a sustentabilidade nas cadeias produtivas do varejo”, conclui Luciana . “Os compromissos foram assumidos e os ganhos rápidos já alcançados. O setor agora precisa mostrar que pode continuar a oferecer melhorias em sustentabilidade quando o cenário econômico é mais desafiador. Quem ficar para trás vai perder o coração e o bolso dos clientes”.
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