Brasil, agosto de 2022 - Executivos em todo o mundo estão acompanhando os altos índices de inflação, a escalada dos preços das commodities e a escassez de diversos insumos. Os mais atentos já estão se preparando para o período de turbulência que se desenha com a elevação das taxas de juros e as contínuas oscilações da cadeia de suprimentos. Com esse cenário, é hora de agir: não é o momento de ser reativo e, quem se preparar com antecedência, tem muito mais chances para reagir e se posicionar melhor.
A proatividade deve começar pelos CFOs. Devido à sua posição única dentro das empresas, eles têm a possibilidade de fortalecer a confiança dos investidores ao preparar uma comunicação regular com esse público, informando como o capital está sendo administrado e investido, as ações implementadas para mitigar as pressões inflacionárias e as estratégias definidas para proporcionar um crescimento real, para além da inflação.
Eles são peças-chave na condução do planejamento para entender o impacto de diferentes panoramas de crise, criar estratégias e gatilhos para monitorar o cenário econômico, permitindo respostas rápidas da empresa para seguir em frente apesar da volatilidade. Além disso, os CFOs também têm experiência em preparar equipes de vendas, fornecendo dados e scripts corretos para explicar corretamente aos clientes as razões do aumento de preços.
Com essa alta, o movimento natural dos consumidores já é conhecido: eles pesquisam e buscam novas opções. Para as empresas mais preparadas, que conhecem bem as necessidades de seus clientes, esse movimento pode ser minimizado. Uma das ações é a criação de inteligência de negócios para segmentar os públicos e entender como as mudanças podem impactar cada perfil.
Também é preciso garantir o modelo certo de entrada no mercado, comunicar o valor agregado da oferta de forma eficaz e investir em canais digitais para aumentar as chances de conquistar clientes com eficiência. Durante renovações de contrato e outros momentos-chave, o foco deve estar no que é mais importante para o consumidor, estreitando relacionamentos e aumentando a fidelização. Outra medida que faz diferença é repensar custos e examinar minuciosamente o valor dos serviços para evitar o “gold-plating”, aqueles extras oferecidos para ganhar o cliente, que acabam por onerar os projetos.
Períodos inflacionários são tempos em que a precificação se torna mais complexa. Com uma segmentação clara é possível tratar os clientes de forma diferenciada e entender como diferentes segmentos podem interpretar e reagir a um aumento. Por isso, em vez de movimentos gerais nos preços, o uso de reajustes cirúrgicos têm melhores efeitos, bem como aumentos indiretos e inclusão de outros benefícios, como garantias de volume para produtos agrupados ou níveis de serviço ajustados. Essa postura pode ajudar a captar um volume de negócios adicional de clientes que estão insatisfeitos com outros fornecedores, seja pelo preço ou pela falta de produtos - e, neste último caso, o preço pode ser menos importante que a disponibilidade de estoque.
Para que essas quebras no suprimento não afetem a produção, no curto prazo, as empresas podem definir abordagens mais complexas, como a colaboração com fornecedores em inovação ou simplificar os requisitos para compensar possíveis faltas. Já em longo prazo é preciso reduzir o custo total, construindo uma resiliência operacional contra rupturas futuras. Isso inclui a reconfiguração da rede de distribuição para reduzir custos de transporte e armazenamento ou redesenhar as especificações dos produtos para permitir a substituição de insumos.
Outro ponto sensível no cenário atual é a falta de mão de obra qualificada, que pode ser mitigada com a implementação da automatização de processos e melhora no ambiente de trabalho para reter talentos. Os melhores lugares para trabalhar são aqueles que investem para compreender e atender às necessidades dos colaboradores. Uma pesquisa da Bain indica que a remuneração é a principal prioridade para apenas um em cada cinco colaboradores, enquanto a flexibilidade do trabalho está entre as três principais prioridades para metade deles. Por isso, em um mercado com poucos profissionais qualificados, muitas vezes é mais importante reter os funcionários existentes do que atrair novos.
Embora o ambiente de negócios futuro seja imprevisível, uma coisa é certa: quebras de estoque e choques no sistema continuarão muito além do atual período inflacionário e da recessão que se desenha no horizonte. O que vai diferenciar o sucesso ou fracasso nesse cenário é a proatividade. As empresas que agirem rapidamente, se prepararem e se reposicionarem para se enfrentar para a crise terão mais chances de sair como vencedoras.
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