Os investimentos ambientais, sociais e de governança (ESG) têm cada vez mais chamado a atenção de investidores, que veem nesses ativos uma oportunidade de composição em seus portfólios. Porém, ainda há grandes dificuldades em avaliar e mensurar os riscos atrelados nessa modalidade. As avaliações atuais ainda carecem de padrões e de métricas de resultados destinadas especificamente para as iniciativas ESG e, muitas vezes, os investidores só podem recorrer a metodologias rasas de classificação. Como resultado, isso torna a avaliabilidade insustentável e não escalonável.
Ao mesmo tempo que essa agenda segue crescendo, dada a importância do tema, precisamos repensar a forma como devemos avaliar as abordagens em investimentos ESG. É importante ter clareza que ativos dessa natureza não podem ser mensurados partindo de pressupostos convencionais do ponto de vista contábil e financeiro, como ocorre na maioria das demais modalidades de investimentos abertos.
Nós na Bain propomos uma abordagem diferente. Precisamos repensar, com um olhar metodológico amplo, como uma espécie de “código aberto”. Com base em uma metodologia proposta pelos meus sócios Matthias Memminger e Stefan Woerner, uma abordagem mais eficaz se daria na composição de um portfólio com base em blocos de construção ESG, em que cada um deles conteria informações relevantes sobre cada ativo, como por exemplo redução de dióxido de carbono, políticas de direitos humanos ou medidas anticorrupção. Cada bloco de construção fornece informações sobre um determinado resultado E, S ou G mensurável.
Esses blocos combinam modelos estatísticos, que une o uso da tecnologia – Inteligência Artificial - para identificar correlações e a expertise humana para extrair relações de causalidade entre as métricas ESG e os resultados. Com a visão de um especialista, essas métricas seriam diretamente atreladas ao desempenho ESG, de modo que completassem a avaliação do padrão risco/retorno, fortalecendo a inteligência por trás de cada bloco de construção.
A elaboração de um portfólio composto por blocos de construção individuais de ESG permite que qualquer gestor de recursos desenvolva uma consultoria customizada, com a construção de relatórios personalizados em uma escala que os tornem atrativos a seus clientes.
Com a aplicação dessa abordagem, os gestores de investimentos conseguiriam integrar três elementos em seus processos de aconselhamentos:
- As preferências ESG dos clientes em ordem de classificação, junto com seu retorno financeiro e expectativas de risco;
- As oportunidades específicas de investimento que correspondam o mais efetivamente possível às necessidades e expectativas dos clientes;
- A construção de relatórios personalizados que compreendessem os objetivos individuais em ESG, com um nível de confiança com base na qualidade e na densidade dos dados, e no desempenho financeiro do portfólio.
Com o apetite em alta dos investidores em empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis, também cresce a demanda por avaliações mais precisas de análise de risco e retorno. Ter uma abordagem transparente e escalonável, que combine a análise especializada com recursos de processamento de dados e de tecnologias, permitirão que os investimentos ESG atinjam um novo patamar de importância.