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O interesse de grifes de luxo pelo mercado brasileiro aumentou no último ano e a crise econômica no exterior, em especial na Europa, ajuda nesse movimento. Não que o mercado mundial de luxo esteja encolhendo, ao contrário. "Mas a crise lá fora vai demorar a passar e, com isso, o Brasil entra no radar", diz o presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Carlos Jereissati.
Ele usa como exemplo o shopping JK que ele deve inaugurar em março de 2012 na zona sul da cidade de São Paulo: "Teremos 210 lojas no JK e entre 15% e 20% delas serão de marcas de luxo".
A francesa Goyard, fabricante de malas e bolsas de couro, está nesse grupo. É considerada, por alguns, mais luxuosa do que a grife Louis Vuitton (LV).
Fundada em 1853, um ano antes do que a LV, a Goyard já vende seus produtos no Brasil, dentro da Daslu, a butique que será "abraçada" pelo JK. A grife francesa, que tem 12 lojas no mundo (4 na Ásia, 4 nos Estados Unidos e 4 na Europa), vai administrar a operação no JK, que terá 120 m2. A da marca de alta costura Lanvin, também francesa, será um pouco menor, com 90 m2.
A Louis Vuitton, por sua vez, já informou neste ano que vai acelerar os investimentos no Brasil. Em 2012, três lojas serão abertas, aumentando a rede no país para nove unidades. Para o presidente da LV, Yves Carcell, que falou ao Valor na última semana de outubro em Paris, "a economia brasileira realmente decolou". O plano é ter uma loja-conceito, de mais de mil metros quadrados no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, substituindo uma unidade que já existe nesse centro de compras. Outra duas serão no shopping Village Mall, no Rio; e em Curitiba, a primeira na capital paranaense, no shopping Patio Batel.
Christian Louboutin, o designer de sapatos de saltos altíssimos e solas vermelhas, abriu duas lojas no Brasil, em Brasília e em São Paulo - ambas em shoppings Iguatemi. No Distrito Federal, Louboutin, que está em São Paulo para participar de um seminário sobre o mercado de luxo, abriu a loja em junho deste ano. A grife, mesmo com a crise europeia piorando, deu um salto no número de lojas neste ano. No fim de 2010, eram 31 e até o fim deste ano esse número deve crescer para 48.
No setor de artigos de couro, Jereissati também confirma a abertura de uma loja da marca americana Coach e da grife italiana Tod's - as duas no JK.
É justamente no setor de acessórios que o consumo de artigos de luxo está se fortalecendo, com foco nos mercados emergentes, segundo estudo da consultoria Bain & Company em parceria com a Fondazione Altagamma. As projeções de crescimento para artigos de couro é de 16% neste ano; e para sapatos, 11%. O setor de joias deve crescer 15% e o de relógios, 20%.
Segundo o estudo, o mercado de produtos de alto padrão deve crescer 10% até dezembro, somando € 191 bilhões. A consultoria revisou para cima a sua previsão de expansão - era de 8% para 2011.
No Brasil, observa a Bain, "fragrâncias e cosméticos ainda são as principais categorias" quando se fala em mercado de luxo. Nessa área, Jereissati já fechou contrato com a rede francesa Sephora, que terá uma loja no shopping JK.
Jereissati estima que o mercado de luxo no Brasil, considerando produtos pessoais e viagens, deve mostrar uma expansão anual entre 7% e 8% nos próximos anos.
O estudo da Bain estima que o mercado de produtos de luxo no Brasil chegue a € 2,3 bilhões (ou R$ 5,3 bilhões) neste ano, com crescimento de 20% em relação aos € 1,9 bilhão (ou R$ 4,4 bilhões) registrados em 2010.
O mercado chinês é muito maior - movimentou € 9,6 bilhões no ano passado e a projeção para este ano é chegar a € 12,9 bilhões. O maior mercado de luxo do mundo continua sendo os Estados Unidos, com € 48,1 bilhões; seguido do Japão, com € 18,1 bilhões, considerando-se as vendas feitas no ano passado.
Iguatemi está de olho no varejo on-line
De São Paulo
Seguindo a lógica que prega a máxima "você gosta, se você conhece", a Iguatemi Empresa de Shopping Centers está investindo na "educação" do consumidor brasileiro. A ideia é que ele conheça mais sobre produtos de luxo.
"Educar o consumidor é importante", diz o presidente da Iguatemi, Carlos Jereissati, que comanda uma rede de 18 shoppings em operação e 5 em construção. No shopping Iguatemi localizado na avenida Faria Lima, na zona sul de São Paulo, foi aberto um espaço para palestras. Nele, contou Jereissati, um especialista da joalheria americana Tiffany explicou recentemente à plateia que brilhante não é uma pedra e sim um tipo de lapidação que se pode fazer em um diamante.
O site do shopping Iguatemi também tem procurado atrair a clientela com dicas sobre moda. Recentemente, duas especialistas mostravam maneiras diferentes de amarrar lenços e echarpes.
Jereissati também acompanha a expansão do comércio via internet no Brasil. "Não é para agora, mas temos interesse", afirma ele, referindo-se à possibilidade de lançar a marca Iguatemi como uma espécie de shopping center virtual.
O comércio on-line de produtos de luxo deve chegar a € 5,6 bilhões neste ano, segundo projeções da Bain & Company em parceria com a Fondazione Altagamma. Isso significa um crescimento de 25% em relação às vendas registradas no ano passado. Esse faturamento significa cerca de 3% das vendas totais do mercado de luxo estimadas para este ano, no valor de € 191 bilhões.
Uma das grifes de luxo que têm se destacado no varejo on-line é a inglesa Burberry. (CM)
Site faz busca de 1,5 mil marcas de moda
Por Adriana Meyge | De São Paulo
O crescimento acentuado do e-commerce no Brasil e o aumento da venda de artigos de moda pela internet estimulou a agência digital multinacional Inter.net a lançar o buscador de roupas e acessórios femininos Fashionera.com.br no país. O site reúne mais de 1,5 mil marcas nacionais e internacionais, entre elas, Rosa Chá, H. Stern, Levis e grifes da Saks Fifth Avenue.
Cada loja tem uma página no Fashionera e as vendas são finalizadas no site das próprias empresas ou as consumidoras são encaminhadas para as lojas físicas. "O Fashionera tem o propósito de ser mais uma vitrine do que um shopping virtual. Não é e-commerce", diz Guilherme Leme, diretor de planejamento e concepção da Inter.net. A renda do site vem da participação nas vendas geradas e da publicidade.
A busca na plataforma é filtrada por produto, modelo, preço, estampa, cor e grife. Além de funcionar como buscador e agregador de produtos, o Fashionera aposta na interação social. As usuárias podem criar um perfil e compartilhar conteúdo. Também é possível ter seu próprio "closet", com uma coleção de peças escolhidas entre as lojas. "Nesse mercado, além da busca por produto, busca-se muita informação e interação", diz Leme. Blogueiras do Fashionera também dão dicas de moda e publicam notícias do mercado fashion.
Apesar de representar apenas 5% das vendas pela internet no Brasil, a categoria de moda e acessórios conquista cada vez mais espaço no mundo virtual. De acordo com a consultoria e-bit, o segmento ocupa a sexta colocação no ranking de vendas do canal. Há quatro anos, estava na 20ª posição.