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Os gastos com saúde como convênio médico, consultas e remédios devem consumir 8,4% do orçamento famílias do brasileiro em 2020. No ano passado, 7,75% do rendimento líquido dos brasileiros foram destinados para despesas com saúde, de acordo com as consultorias Bain & Company e Euromonitor.
Esse aumento nos gastos com saúde, consequência de uma maior expectativa de vida e de renda, vai demandar estratégias distintas para quem atua no setor. ‘Nas regiões metropolitanas, o gasto per capita é superior a R$300. Já em 75% das cidades rurais, o gasto com saúde é inferior a R$315'. Pontua Luís Oliveira, sócio da Bain & Company. A consultoria destaca em seu estudo que haverá oportunidades interessantes em serviços médicos básicos para moradores de áreas rurais no país.' Enquanto cerca de 40% da população mora em regiões rurais, somente 30% dos hospitais e médicos encontram-se nessas mesmas regiões', disse Oliveira. Em março deste ano, o Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que 36% da população brasileira reside em área rural, diferente dos 16% apontados pelo último censo do IBGE.
Segundo Bernardo Sebastião, também sócio da Bain & Company, em outros mercados emergentes como China e Índia, os grupos hospitalares premiuns também estão migrando para zonas rurais. Na China, as redes de hospitais devem expandir com recursos de fundos de private equity e na Índia o modelo adotado deve ser o de Parceria Público Privada(PPP).
Já nas grandes cidades, a demanda será por serviços médicos especializados com tecnologia de ponta e relacionados à prevenção de doenças crônicas por conta do envelhecimento da população brasileira. Ao mesmo tempo, é esperada uma pressão ainda maior para redução dos custos. Em 2013, os gastos com saúde privada e pública no Brasil representaram 10% do PIB, mas o gasto per capita equivale a apenas US$ 1 mil. Trata-se de um valor bem abaixo dos US$ 9 mil gastos por cada americano ou US$ 4 mil dos europeus.
Nos mercados desenvolvidos, a Bain & Company enxerga sete tendências no setor de saúde e acredita que os próximos cinco anos serão marcados pela prevalência de doenças crônicas, pacientes mais envolvidos tanto no quesito custo quanto nas opções de tratamento, busca por melhor custo benefício de tecnologia e materiais médicos, falta de médicos e mão de obra qualificada e pressão das operadoras de planos de saúde para redução de custos. Além disso, um novo formato de negócio criado nos Estados Unidos e batizado de ACO – Accountable Care Organization (Organização Responsável por Atendimento) está chamando atenção no setor. A ACO é uma organização formada por hospitais, médicos e outros profissionais da saúde que são remunerados de acordo com a qualidade de atendimento e redução de custos.' Nos Estados Unidos, temos 751 ACOs que trabalham com esse modelo e compartilham a economia conquistada. Já temos 26 milhões de americanos atendidos por essas organizações', cota médico americano Elliot Fisher, diretor do Instituto Dartmouth. A economia apurada por essas organizações varia de 1% a 15%. Essa diferença ocorre porque algumas ACOs estão em atividades há mais tempo.
O presidente da Fenasaúde (entidade das seguradoras de saúde), Marcio Coriolano, acredita que esse modelo também pode ser adotado no Brasil, em especial nos casos de baixa complexidade, mas defende que seu sucesso está atrelado à adoção de protocolos médicos com subsídio do governo.
Nos próximos cinco anos, em mercados desenvolvidos, a tecnologia deve ser uma aliada na redução de custos. Segundo a Bain, o monitoramento remoto de pacientes com diabetes ou doenças do coração pode reduzir em até 36% os casos, de internação. A americana Cerner, que desembarcou no Brasil há dois anos, é uma das oferecem plataformas para acompanhamento a distância.