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Um bom vendedor pode ser formado ou precisa ter um talento nato?
Em 2005, a GE Commercial Finance descobriu que era mais o
primeiro caso que o segundo. Isso foi quando a empresa conseguiu um
significativo aumento de US$ 300 milhões em novos
negócios - não apenas esperando que os seus melhores
vendedores fizessem um milagre no final do mês, ou
contratando um exército de novos vendedores, mas com a
implantação de um novo modelo de gestão que
melhorou de forma expressiva o desempenho da equipe de
vendas.
Hoje, empresas mais sofisticadas estão transformando vendas
em ciência e dependendo cada vez menos do talento e instinto
de alguns poucos "campeões". Elas estão reinventando
os seus modelos de distribuição, usando bases
analíticas e processos eficazes para aumentar a
produtividade de toda a força de vendas, fechando o gap de
desempenho entre os vendedores medianos e os melhores.
Conforme nossa experiência na Bain, em inúmeros
setores, é a partir da adoção de uma abordagem
muito mais sistemática, disciplinada e analítica que
as organizações de ponta conseguem, continuamente,
aprimorar a eficácia e eficiência da equipe de vendas.
Elas conseguem atrair os melhores clientes mais rápido que a
concorrência e aumentar significativamente a produtividade da
equipe. Como resultado, estas empresas têm crescido bem mais
rápido que seus concorrentes, com aumento da média de
vendas por vendedor de 30% a até 50% em dois a três
anos.
Existem vários exemplos de boas práticas sendo
aplicadas:
- Adotar uma abordagem de "fora para dentro" para avaliar o
potencial real de cada geografia, e fazer um exercício
periódico bastante detalhado (bottom-up) para definir metas
mais realistas e justas para cada vendedor. O desafio é
implementar um processo sistemático para identificar os
clientes, canais e regiões com maior potencial de
crescimento, sem se basear unicamente nos dados
históricos.
a) Avaliar o custo de servir e a rentabilidade de cada cliente de
forma sistemática, e com isso rever periodicamente o modo de
atendimento, nível de serviço e investimentos
comerciais. Atender a um cliente da forma correta é
essencial para maximizar o seu potencial, sem prejudicar a
rentabilidade. Muitas empresas de bens de consumo no Brasil
têm reduzido consistentemente a sua base de clientes diretos,
por não conseguir atender ao pequeno varejo com o
nível de serviço desejado, e a um custo
competitivo.
b) Limitar a autonomia do vendedor na alocação das
verbas comerciais, para garantir menor dispersão dos
preços e maior retorno dos investimentos, e evoluir para uma
negociação mais estruturada, com base em
contrapartidas claras.
c) Alinhar a estrutura de vendas com os canais e segmentos de
clientes. Esta tendência iniciou-se com a
criação de estruturas dedicadas para clientes-chave,
e evoluiu com uma especialização também para
distribuidores, clientes-chave regionais, pequeno varejo, dentre
outros. Em alguns casos são criadas até equipes
multifuncionais, integrando vendas, com marketing, finanças
e logística, como algumas empresas de bens de consumo
fizeram para atender a grandes varejistas.
Para otimizar o desempenho de vendas, as empresas deveriam focar em
cinco alavancas, inseridas em uma abordagem integrada de
"go-to-market": (1) oferta segmentada - focar nos segmentos
prioritários e mais rentáveis; (2) modelo eficiente
de vendas - definir o modelo de distribuição (direto,
indireto, televendas, etc.) mais adequado para atender a cada
cliente de maneira eficiente e econômica; (3) gestão
eficaz - alinhar a estrutura de vendas, competências,
métricas e incentivos para induzir o comportamento desejado
e recompensar os vendedores com melhor desempenho; (4)
políticas comerciais balanceadas - garantir a
competitividade dos canais de vendas e conceder descontos em troca
de contrapartidas claras; e (5) otimização dos
processos - alavancar a tecnologia para padronizar e automatizar os
processos, a fim de melhorar o nível de serviço e
otimizar os custos de vendas.
As empresas têm que estar sempre se perguntando "Como podemos
fazer melhor?". Dado o desafio de manter um crescimento
sustentável de forma rentável, as empresas devem,
freqüentemente, "incubar" novas idéias, modelos e
estratégias para continuamente reinventar o modelo de
gestão e aprimorar a eficácia e eficiência de
vendas.