Brasil, junho de 2022 - Felizmente, tenho presenciado um engajamento cada vez maior da liderança das organizações em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão. Essa participação é um requisito fundamental para que o tema ganhe tração dentro das empresas. Um levantamento feito por nós, da Bain, mostra que quando um CEO define a estratégia de DEI e frequentemente comunica o seu progresso, a empresa tem mais probabilidade de ter uma equipe de liderança diversificada.
Um estudo recente realizado pela Bain em parceria com o LinkedIn mostrou que atualmente essa diversidade na liderança ainda é baixa—apenas 3% dos CEOs das 250 maiores empresas brasileiras são mulheres. Apesar deste número ter avançado nos últimos anos, se realmente queremos mudar o status quo não podemos nos limitar a olhar apenas para dentro das empresas, e precisamos incluir stakeholders externos na estratégia.
Nós, juntamente com a Grads of Life desenvolvemos uma estrutura para se avaliar a estratégia de DEI com cinco pilares. Quatro deles são internos, enquanto o quinto – envolvimento externo – olha para fora dos muros da empresa para incorporar a DEI em questões como cadeia de suprimentos, estratégia de clientes e produtos, envolvimento da comunidade e comunicação com o público em geral.
Gostaria de dividir com vocês, três ações que as organizações podem tomar para construir fortes estratégias de engajamento externo.
1. Relate externamente os esforços, metas e resultados
Ao relatar de forma consistente e transparente as metas de DEI, os esforços para atingir esses objetivos e o progresso em direção aos resultados desejados, as empresas sinalizam um compromisso claro não apenas com esses princípios, mas com o trabalho árduo e contínuo que é realizado para colocá-los em prática. A divulgação pública de informações sobre DEI também aumenta a responsabilidade dos negócios e pode levar a ações mais significativas: quando os líderes sabem que as informações serão públicas, é mais provável que eles se comportem de maneira alinhada com os princípios e objetivos declarados.
2. Crie experiências de cliente inclusivas
As empresas têm a responsabilidade de considerar cuidadosamente como suas próprias ofertas de produtos e serviços – e a maneira como as entregam aos clientes – podem perpetuar o status quo da desigualdade.
Um ponto de partida útil para as empresas avaliarem a equidade com que atendem os clientes pode ser examinando os dados. Por exemplo, discrepâncias entre o mix de clientes de uma empresa em relação à população local pode apontar para a exclusão de determinados grupos demográficos devido à falta de acesso físico ou digital, acessibilidade do produto, mensagens não inclusivas ou outras barreiras. As empresas líderes também medem como diferenças na satisfação do cliente pode indicar discrepâncias no nível de serviço para diferentes grupos. Bancos por exemplo podem também medir resultados específicos, como taxas de aprovação de empréstimos, que podem diferir por vetores de diversidade importantes, como gênero e raça.
3. Assuma uma posição clara
Todos sabemos que comentar ou reagir a questões de justiça social pode ser delicado e desafiador para empresas com muitos stakeholders. Para ser claro: falar significa, muitas vezes, perder funcionários, clientes ou parceiros de negócios. Mas quando feito de forma autêntica e de acordo com os valores da empresa, tomar uma posição clara sobre questões de justiça social pode contribuir muito para construir confiança e lealdade entre funcionários e clientes.
Quase 90% dos funcionários dizem que as empresas devem se posicionar publicamente sobre questões sociais relevantes para seus negócios, e 74% afirmam que elas devem se posicionar sobre questões mesmo quando não são diretamente relevantes para seus negócios. Além disso, as percepções da postura de uma empresa em questões sociais estão impulsionando cada vez mais o comportamento do consumidor: 42% das pessoas começaram ou pararam de usar uma marca por causa da resposta da empresa a questões de justiça racial.
Termino o texto com uma reflexão: o quanto a sua empresa tem envolvido os stakeholders externos em suas estratégias de DEI? É hora de começar!